Por que cachorros são tão usados em memecoins?
Desde o sucesso viral do Dogecoin até o surgimento de dezenas de outras criptomoedas com cães como mascotes, é impossível ignorar a presença canina no mundo das memecoins (criptomoedas baseadas em memes).
Mas por que os cães? Por que uma imagem de um Shiba Inu pode mover bilhões de dólares em capital de mercado? Por que, quando pensamos em memecoins, quase sempre pensamos em cachorros com olhos arregalados e linguinhas de fora?
Neste artigo, exploraremos essa questão com profundidade, traçando paralelos entre cultura digital, psicologia humana, estratégias de marketing, e até genética de raças como a Catahoula Leopard Dog, uma raça americana que representa independência e instinto, características que também ecoam no espírito das criptomoedas.

O que são memecoins?
Memecoins são criptomoedas que se originam de memes, piadas, ou tendências culturais da internet. Ao contrário de projetos tradicionais como Bitcoin ou Ethereum, que visam resolver problemas técnicos e econômicos, as memecoins nascem do humor, e muitas vezes, do puro acaso.
A primeira memecoin de destaque foi o Dogecoin (DOGE), criada em 2013 por Billy Markus e Jackson Palmer como uma sátira ao frenesi crescente em torno das criptomoedas. O código do Dogecoin era uma bifurcação (fork) do Litecoin, e não trazia inovações técnicas significativas. O diferencial? Sua identidade visual e seu mascote: o carismático Shiba Inu que estampava o famoso meme "Doge", com expressões engraçadas e legendas coloridas em Comic Sans.
A intenção original era brincar com o conceito de moedas digitais. Mas o que começou como piada ganhou tração e bastante valor. Desde então, outras moedas seguiram a fórmula: meme + cachorro + comunidade = potencial de viralização e valorização.
A explosão do Dogecoin e a revolução dos mascotes caninos
O Dogecoin é o marco zero da relação entre memecoins e cachorros. Seu sucesso inesperado mostrou que era possível construir um ecossistema inteiro em torno de uma piada, desde que a comunidade estivesse engajada. A escolha do Shiba Inu como rosto da moeda não foi por acaso. Ele já era um meme consolidado, o que gerava reconhecimento instantâneo.
Em 2021, o Dogecoin teve seu maior pico de popularidade, atingindo uma capitalização de mercado de mais de 80 bilhões de dólares, impulsionado por celebridades como Elon Musk, que frequentemente tuitava sobre o DOGE, ora em tom de brincadeira, ora em tom quase messiânico.
Esse sucesso desencadeou uma onda de outras moedas inspiradas em cães:
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Shiba Inu (SHIB): autoproclamada "assassina do Dogecoin", chegou a ser uma das 15 maiores criptomoedas em valor de mercado.
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Floki Inu (FLOKI): batizada com o nome do cachorro de Elon Musk, misturava branding pessoal com estética vikings e apelo canino.
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Baby Doge, Kishu Inu, Dogelon Mars, entre outras.
O padrão estava claro: se tem cachorro e uma comunidade ativa, tem chance de viralizar.
A negociação desses ativos não é muito diferente de opções de sobe ou desce em corretoras como Quotex, pois a volatilidade é tão grande que basicamente você pode ganhar bastante dinheiro ou pode perder tudo, é uma aposta de tudo ou nada.
Por que cachorros?
A presença dos cães nas memecoins não é apenas uma coincidência cultural. Ela está enraizada em aspectos profundos da psicologia humana e da neurociência comportamental.
A neurociência da fofura (e do investimento)
Estudos mostram que imagens de cachorros ativam áreas do cérebro ligadas ao prazer, à empatia e à confiança, especialmente a amígdala e o núcleo accumbens. Isso se traduz em maior engajamento emocional e propensão à ação (como clicar, compartilhar ou até investir).
De acordo com uma pesquisa publicada no Journal of Neuroscience, o cérebro humano libera dopamina ao ver filhotes, ativando o mesmo circuito de recompensa associado a comida, sexo e até algumas drogas. Quando o mascote de uma memecoin é um cão expressivo e "fofo", ele literalmente estimula prazer neural.
Cães vendem melhor: dados de engajamento
Em termos de marketing, isso se traduz em números. Um estudo feito pelo BuzzSumo em 2021 analisou mais de 10 milhões de posts no Twitter e Instagram. O resultado? Conteúdos com cachorros como tema principal tiveram, em média:
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3,6x mais curtidas
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2,8x mais compartilhamentos
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Tempo de visualização 50% maior em vídeos
Esses dados explicam por que um token como o SHIB — que teve pouco suporte técnico em seu início — conseguiu mobilizar milhões de investidores apenas com o apelo visual e emocional do Shiba Inu.
Marketing memético
As criptomoedas ainda sofrem com desconfiança por parte do público geral. Ao usar cães como símbolo, os criadores de memecoins "humanizam" o ativo, tornando-o mais amigável e menos intimidador. Os cães evocam sentimentos de:
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Lealdade
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Companheirismo
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Alegria
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Autenticidade
São os mesmos valores que muitas comunidades cripto tentam transmitir — especialmente em redes como Reddit e X (antigo Twitter), onde a estética memética é fundamental.
Exemplos de memecoins com cães
Vamos explorar algumas das principais memecoins que adotaram cães como seus embaixadores — e o impacto de cada uma.
🐶 Dogecoin (DOGE)
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Ano de criação: 2013
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Mascote: Shiba Inu do meme "Doge"
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Pico de valorização: +14.000% em 2021
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Capitalização máxima: Aproximadamente US$ 88 bilhões
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Funções: Inicialmente sem utilidade, passou a ser usada para gorjetas online e pagamentos.
🐕 Shiba Inu (SHIB)
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Ano de criação: 2020
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Mascote: Shiba Inu (mesma raça do Dogecoin)
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Destaque: Criou seu próprio ecossistema (ShibaSwap, NFTs)
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Posição atual: Chegou a entrar no top 10 do CoinMarketCap
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Narrativa: "Token de comunidade descentralizada".
🐶 Floki Inu (FLOKI)
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Nome inspirado em: Floki, o cachorro de Elon Musk
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Estilo: Viking + meme + pet marketing
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Diferencial: Campanhas agressivas de marketing global, inclusive com outdoors e ações sociais.
🐕🦺 Outras moedas com temática canina:
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Kishu Inu (KISHU)
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Baby Doge Coin (BABYDOGE)
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Dogelon Mars (ELON) — que mistura cachorro com ficção científica.
Todos esses tokens seguiram a fórmula: comunidade + estética canina + viralidade, com variações no tom e narrativa. E todos, em algum momento, tiveram valorização extrema, embora com grande volatilidade.
Comparando com outras memecoins
Mesmo memecoins não baseadas em cães, como Pepe Coin (PEPE), têm mais dificuldade de criar laços emocionais duradouros. Um sapo pode ser engraçado, mas um cachorro… é de confiança.
Relação entre humanos e cães
A ligação entre seres humanos e cães não é recente. Estudos genéticos indicam que a domesticação dos cães ocorreu há mais de 15 mil anos, muito antes da agricultura. Isso faz do cão não só o "melhor amigo do homem", mas o primeiro companheiro simbiótico da humanidade.
De caçadores a mascotes digitais
Nas tribos nômades, cães eram valiosos como guias, protetores e membros da matilha. Hoje, no universo digital, eles continuam com o mesmo papel simbólico: proteção (da comunidade), lealdade (à moeda) e guia (da cultura online)
- No Japão, o Shiba Inu é símbolo de bravura e lealdade.
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Nos EUA, raças como o Catahoula Leopard Dog representam independência, rusticidade e inteligência (características valorizadas tanto no campo quanto na cultura do "faça você mesmo" das criptos).
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Na mitologia nórdica, cães são guardiões e figuras de poder espiritual, o que explica o apelo temático de moedas como Floki Inu.
Catahoula DNA: o arquétipo do cripto-cão?
A Catahoula Leopard Dog, raça oficial do estado da Louisiana, é um exemplo fantástico. Seu código genético é resultado de uma mistura entre cães indígenas, mastins espanhóis e greyhounds franceses. Resultado? Um cão inteligente, resistente, quase como uma blockchain viva.

Se o Dogecoin é o símbolo da brincadeira, o Catahoula poderia muito bem ser o símbolo do potencial real das memecoins: genética mista, cultura híbrida, instinto afiado.
Fica a ideia.